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GORRO GLENGARRY, ESCOCÊS OU DE FITA: O CHAPÉU DO CORPO DE FUZILEIROS NAVAIS

De onde surgiu essa cobertura de marinheiro e como foi parar no Corpo de Fuzileiros Navais no Brasil?


GORRO GLENGARRY: Chamado  de GORRO ESCOCÊS ou GORRO DE FITA

em inglês Glengarry bonnet

O tradicional gorro apareceu pela primeira vez na vestimenta do Corpo de Infantaria conhecido como Glengarry Fencibles (Fensários Glengário) na Escócia quando foram formados as tropas em 1794 pelo coronel Alexander Ranaldson MacDonell de Glengarry (região), por vezes, citado como inventor por ter dobrado de forma plana a cobertura sem pretensão e acabou tornando-se o gorro militar padrão entre os militares na Escócia porque era fácil guardar e armava de forma rápida para por na cabeça diferente do gorro anteriormente usado nesta época. 

Em escocês "glen" significa tipicamente um vale longo delimitado por lados côncavos suavemente inclinados; ao contrário de uma barranco, que é mais profundo e com encostas íngremes. O historiador Mark Whittow define o termo escocês para um "Vale profundo em terras altas" sendo que ele é  "mais estreito sendo um esforço de vale". Em português emprestamos a palavra do alemão Talweg, que em português sua grafia ficou - talvegue-que indica nada mais é que é um caminho do vale. O nome garry é uma variante de gary do inglês antigo que significa: 'portador de lança.'
 
Então o nome do gorro Glengarry seria algo como "Vale lanceado" ou "Portador do Vale" ou mais a forma mais portuguesada como Glengário (neologismo).

A título de curiosidade, o termo usado pelo exército escocês na época como "Fencibles'' vem do inglês primitivo defencibles (defensários) quando foram criados regimentos britânicos para a defesa e ameaças durante a invasão da Guerra dos Sete Anos entre França e Inglaterra. A palavra Glen é de origem goidélica que é  um termo gaélico irlandês gleann e do escocês, glion em Manx. O nome glen ocorre frequentemente em nome de lugares no Reino Unido. O primeiro uso clássico do gorro pode não ter ocorrido em 1841 quando foi introduzido pelos gaiteiros de fole do 79º Regimento a pé  (79th Foot) pelo comandante, tenente coronel Lauderdale Maule.

Vale Estreito ou Glen

Foi somente na década de 1850 que o gorro glengarry tornou-se uma elemento característico da vestimenta regimentos escoceses do Exército Britânico. Em 1860 o glengarry sem borda cortada foi introduzido e geralmente com plumas haviam sido apenas usados pelos gaiteiros de fole (banda marcial com o tradicional instrumento de sopro - bagpipe -) em todos os regimentos militares, exceto pelo regimento 42º Relógios-Preto (42th Black Watch), cujos gaiteiros usavam o gorro de plumas completo incluindo o kilt (saia escocesa). Em 1914 todos os regimentos de infantaria escocesa estavam usando os glengarries azul-escuro em ordens de vestimentas  que não eram cerimoniais, exceto os Cameronians - Fuzileiros ou Rifleiros Escoceses- que usavam as estampa do gorros em verde-rifle (musgo ou oliva) o restante da guarda escocesa usavam a estampa na cor caqui.

Os  gorros glengarries acabaram ganhando faixas em xadrez tornaram vermelhos, brancos e azuis para diferenciar os Regimentos Reais e as cores: vermelhos, brancos e verdes para outros dentro do Exército Britânico. Dependendo do regimento como os Black Watch e Sutherland Highlanders e os próprios Cameronians Hightlanders da rainha foram os que começaram a usar um simples padrão em  xadrez.


Até 1868 o gorro glengarry foi utilizado como cobertura até que a maioria dos soldados britânicos acabaram substituindo pela 'tampa de serviço de campo de curta duração' (outro chapéu usado na vestimenta militar) até que com o passar do tempo foi sumindo da indumentária militar escocesa. Os soldados britânicos acabaram revivendo o gorro em 1937 em plena Segunda Guerra Mundial no Regulamento de Uniformes para o Exército e descreveram como um cobertura de serviço de campo padrão universal para ser utilizado pelo exército britânico como forma semelhante ao Glengarry. 

Já a cobertura utilizada pelo Corpo de Cavalaria do exército irlândes é chamado de Glengarry, mas é mais parecido com a chapéu velho irlandês (caubeen)  em aparência. A diferença é que o Glengarry  possuí duas fitas na parte traseira na cor preta e seu formato é um pouco diferenciado. O gorro glengarry  então passou a ser usado por membros masculinos civis e militares como uma cobertura apropriada para qualquer homem com vestimenta causal ou diurna do Alto Conselho (Highland). 

O gorro glengarry é portanto, uma cobertura de origem escocesa,  tradicionalmente feita de lã de grande espessura, decorada com uma borda de topo formando um friso, frequentemente com um cocar  ou insígnia em forma de roseta do lado esquerdo ou acrescentado plumas e com fitas penduradas atrás. É parte integrante do uniforme militar e civil do Ato Escalão Escocês, sendo utilizado como uniforme formal e informal como alternativa ao gorro bamoral ou ao gorro Tam O'Shanter dentro das Forças Armadas Britânicas . O Regimento Real da Escócia usa o glengarry com faixas de xadrez e penas de galo negro quando é tocado em cerimoniais. Aqui alguns exemplos do tradicional gorro glengarry:




No Brasil, o Corpo dos Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil é o único regimentos no Brasil que utiliza o gorro Glengarry em seu uniforme oficial, chamado pela Marinha do Brasil de  Gorro de Fita e o que diferencia do gorro bivaque (também conhecido como bíbico) é que ele tem uma barra em volta do gorro, tendo  forma mais definida em forma de casco de barco, com bordas aparentes. Na versão original escocesa, além de ser feito de feltro ou tecido mais grosso, é marcado por um distintivo (insígnia) ou cocar (plumagem) na lateral e as fitas soltas atrás dão o símbolo mais caraterístico do gorro. No gorro escocês ainda é acrescentado um pequeno pompom marcando o centro do gorro. 

Já no Brasil por ser um país tropical o gorro não é feito com o mesmo tecido com maior gramatura, embora poderia ser conformado em outro material mais grosso tornando mais característico com a forma do gorro original escocês. Este tipo de cobertura poderia ter sido introduzido pelo Almirante inglês Lord Thomas Cochrane  conde de Dunald e Marquês do Maranhão quando desempenhou sua participação na Marinha do Brasil a pedido de Dom Pedro I sendo o primeiro comandante da Armada Imperial Brasileira em 1823 na  Guerra da Independência do Brasil e na Confederação do Equador.

Porém, segundo relatos da própria Marinha do Brasil o gorro escocês foi introduzido pelo comandante do Batalhão Naval da marinha brasileira de origem britânica foi introduzido por (George ? Scott - carece nome completo) que também foi inventor de um dispositivo constituído de lâmpadas e de acendimento manipulado a distância usado em comunicações visuais realizadas a noite, seu invento e fabricação ficou conhecido como Escote (Holofote) foi o primeiro dispositivo usado na Marinha do Brasil para códigos, e possivelmente um dos primeiros do mundo. Em meados de 1890  no Rio de Janeiro ele trouxe o gorro glengário (Glengarry) ao Corpo de Fuzileiros Navais como forma de condecoração aos mais aptos em serviço dentro do Corpo de Fuzileiros Navais. A condecoração acabou sendo uma honra ostentar essa cobertura, especialmente pelo fato de os ingleses sempre terem um longo domínio de batalhas pelos mares, e evocar os Glengarry Fencibles como os mais altos defensores das terras britânicas contra os franceses e  acabou sendo bem aceito pela Marinha do Brasil como estímulo aos soldados marinos, tornando-o  parte integrante do uniforme de gala pelo Corpo Naval, instituindo assim uma unidade diferenciada e única para os soldados navais brasileiros.
 


O gorro Glengário utilizado pela Marinha do Brasil é predominantemente branco, simboliza a cor de nobreza na maioria das marinhas pelo mundo, com uma roseta de três laços de fita preto, símbolo de luta e ardor já que é a representação dos laços é da Cruz da Vida como  símbolo de superação à morte. Outro significado mais moderno seria a representação do campo de combate: Mar, Terra e Ar, e ao centro  há um  distintivo metálico em ouro com o brasão dos Fuzileiros Navais do Brasil que é uma âncora em chefe  e dois fuzis entrelaçados em cruz sautor ou Santo André como insígnia de bravura da corporação. Atrás do gorro há um laço  chato de duas voltas com duas fitas pretas penduradas mais curtas que o gorro original. Essa fita é símbolo de sabedoria, maestria e respeito como um sinal claro de virtudes como a da perícia e paciência. Porém as fitas são  sinal claro das antigas perucas de juízes ingleses, que significam principalmente na magistratura a evocação da Ordem e da Justiça. 


Fonte: cameronians

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https://puclabdesign.blogspot.com/2018/03/voce-sabe-o-que-e-chapeu-bivaque.html

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