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HISTÓRIA DO DESIGN 2 : ANTECEDENTES DO DESIGN - COMO O BELO TORNOU-SE PRODUTO


O design surgiu de forma inesperada tão intrínseca e natural que levou tempo para o ser humano perceber sua existência e principalmente encontrar sua origem. Sua remota origem vem desde do surgimento do ser humano até a evolução das nossas habilidades de utilizar as mãos e fabricar ferramentas. Quais as principais características históricas do design:




O pensamento do design assim como outras áreas do conhecimento surgiram espontaneamente através das atividades humanas. Já na pré-história a necessidade de conceber objetos para sobrevivência deram origem a cultura material, a produção de artefatos, o ato de pensar sobre o projeto (forma), e aplicação da usabilidade (ergonomia intuitiva), melhorando a performance (benchmarking) para as necessidades tornando os objetos cada vez melhores e mais funcionais. A representação rupestre foi outro campo desenvolvido como forma primitiva transcender as ideias (design gráfico, publicidade e marketing) onde uma representação melhor da realidade conferia um poder místico já que a visualização permitia um melhor planejamento e proporcionava uma melhor caçada, mas o grande avanço na representação simbólica veio com elementos de formas da natureza, que permitiram desenvolver os conhecimentos da geometria a da matemática; através dessas figuras geométricas inventou-se também um sistema mais elaborado e complexo chamado a escrita. A finalidade principal da escrita era demonstrar poder e controle por governantes o que permitiu não somente registrar coisas, mas criar uma linguagem dando origem aos idiomas e sistemas e regras gramaticais que facilitaram a comunicação entre os povos.

Sem a escrita não permitiria guardar conhecimento por longos períodos, assim a  comunicação e o conhecimento não se expandiria rapidamente, pois a escrita é capaz de viajar a outro lugar do mundo desde que tenha alguém que consiga traduzir esse conhecimento. A escrita (design gráfico) permitiu ao longo do tempo melhorar aspectos sociais, desenvolver a política e a guerra, porém não esquecemos que o ser humano tem a necessidade de conectar-se com o mundo das ideias, do pensamento, da imaginação, e partimos da pintura rupestre para algo mais elaborado como a escrita e a matemática, mas faltava a criação, o ato de criar é tão humano que era preciso transcender para algo superior, a religião surgiu como uma forte crença para que pudessem controlar as massas para enfrentar os governos autoritários e tiranos, já que as religiões primitivas a ideia central era tentar explicar a realidade. O conceito de crer em um ser superior fez com que governantes e faraós fossem oprimidos e enfrentados pelas massas, fazendo com que até eles se convertessem a existência de um ser maior e superior que governa todo o universo, assim para explicar as diferentes realidades surgiram várias divindades, cada um cuidando de um aspecto humano. Porém, a política se aliou a religião ao longo dos séculos e tornou-se única já desde o Egito Antigo quando Akhenaton unificou os deuses  Rá e Aton convertendo a religião egípcia de politeísta à monoteísta, sendo governada por Akhenaton filho do Deus-Sol aliando a política e a religião em um único processo. A religião só voltou desligar-se da política somente no Estado Moderno  no século XV. 

A religião é importante no contexto do design como uma estrutura e um sistema complexo de conceituar o que está  no mundo das ideias, tendo intrinsecamente a necessidade de materializar a ideia de forma que fosse facilmente reconhecível que fez com que símbolos e adornos surgissem como forma de expressar sua vontade e suas convenções  permitissem tangibilizar suas ideologias, estabelecendo um vínculo, um elo de ligação entre o humano e o divino.

Já a política, a economia, a filosofia, tektonia (construção, arquitetura e marcenaria), a matemática e outras áreas do conhecimento se desenvolveram a partir da representação gráfica e dos objetos que circundam para as necessidades do mundo. O principal motivo das evoluções humanas e seus esforços sempre estiveram ligados a guerra. Esse aspecto humano de combate é tão natural e primitivo, quanto um leão disputa com outro leão um território para garantir sua sobrevivência. A semântica do produto é observada na natureza, tudo que o homem criar já existia, ele simplesmente é uma concepção da realidade pré-concebida criando artefatos para tornar-se melhor as necessidades humanas. Esta ideia está intimamente ligada ao  design, pois a estratégia é a forma de projetar de uma forma pensada para chegar a um resultado esperado. O design está espalhado em diversos aspectos da vida e do pensamento humano, criando um processo de interferência através de uma marca.

''É no design que a marca cria a diferenciação (Brand). Se uma marca é melhor ou mais bonita isso significa que elas assumem imagens diferentes.'' - Ericson Straub.

Desde o domínio do metais para fíns bélicos, surge outra marca da necessidade humana: A Vaidade. No Egito Antigo as jóias surgiram como forma de status valorizando a importância da vaidade como elemento cultural de diferenciação da sociedade egípcia.  Todos os adornos como colar, brincos, jóias com pedrarias, cocar, braceletes todos eles foram inventados neste período. É o objeto se manisfestando e emanando riqueza e poder para um determinado grupo de indivíduos. Podemos perceber que elas apenas são versões melhoradas das pinturas corporais primitivas, isso corrobora para que não esquecemos que a arte é elemento de ligação humana entre o real e o virtual. Podemos considerar que os objetos conferem o status de arte e beleza, representando uma distinção entre a natureza e o humano. Assim, a cultura material se manifesta e representa um povo e suas distinções, mas foi somente no período da Grécia Antiga que surge a questão de se perguntar afinal o que é belo.



O CONCEITO DE BELO NA ESTÉTICA GREGA

Na etimologia a palavra latina bellus tem o sentido de encantador, muito usado na Época Clássica apenas para referenciar as mulheres e as crianças enquanto para homens tinha conotação pejorativa. Na Grécia Antiga o filósofo Platão já havia percebido que o belo está ligado a uma essência universal que não depende de quem observa, pois está contido no próprio objeto, na criação. Para o filósofo acreditava que tudo o que existe no mundo sensível era uma cópia do que está no mundo inteligível. Para os gregos o belo era a concordância observada através dos sentidos sensoriais. Na visão de Sócrates só é belo o que é útil, por isso a beleza não está associada com a aparência do objeto, mas o senso de utilidade ou a sua função - por isso no design é empregado a expressão: " O  design segue a função." Aristóteles tem outra definição do belo, já que em sua obra o belo só poderia ser considerado como tal se fosse capaz de promover a catarse (liberação das emoções) nos seus admiradores. Nesta concepção a catarse é a purificação da alma e das ideias liberadas a partir da arte que por excelência refletiam nas pessoas a reflexão. As formas de beleza são singulares e inúmeras dando origem a estética. O escritor Umberto Eco na obra História da Beleza observa o belo como um conjunto gracioso e sublime, maravilhoso de expressões indicando que o agradável neste sentido é aquilo que é belo, é igual aquilo que é bom e de fato o estreitamento do Belo com o Bom está intrinsecamente ligado ao Design. 

O bom design é belo. 
"Menos é mais ."- Dieter Rams







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