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HISTÓRIA DO DESIGN 5 : A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E O INÍCIO DO DESIGN

A Revolução Industrial iniciada na Inglaterra não tinha pretensão de apenas fabricar mais produtos e ganhar mais dinheiro. Ela quebrou com padrões estéticos, políticos e sociais. Tudo é claro, aconteceu
junto com outros movimentos ascendentes na Europa que propiciaram criar o mundo capitalista e a propriedade industrial que originou o surgimento do design. Qual é o fator dessa mudança?


Sabemos que com a expansão do comércio internacional nos séculos XVI e XVII trouxeram um extraordinário aumento da riqueza para a burguesia na Europa na época do Mercantilismo, especialmente para a Inglaterra, tirando os saques que os piratas ingleses faziam frequentemente e extorsões de riquezas que a monarquia inglesa articulava em outras nações (vide o caso do Brasil que teve que pagar para ter sua Independência perante a Inglaterra e Portugal). Assim permitiu que o acumulo de capital da aristocracia fosse capaz de financiar altos investimentos em outros setores que pareciam promissores para gerar lucro, mas havia um problema na grande jogada diplomática inglesa antes de começar a era mecanização. 

Era preciso acabar com o Império Espanhol na sua fonte de renda a qualquer custo, portanto, acabar com a mão de obra livre - escravidão - da Espanha; assim ela sucumbiria rapidamente. A elite criou uma nova classe de mão de obra barata, paga pelo trabalho realizado, enquanto  outros movimentos como os abolicionistas foram criados pelos ideais iluministas  que disseminavam a liberdade por toda a Europa com o pretexto de seguir os princípios da Revolução Francesa. Contudo esse movimento era liderado pela burguesia, a fim de atender aos seus próprios interesses; já que sem a escravidão teriam mão de obra barata rotativa assalariada e criaria um novo mercado consumidor. Até porque a escravatura praticada no Reino Unido foi de longe a mais grave entre todas; alastrou e chegou a outras colonias britânicas indo parar diretamente a continente americano onde a base econômica era apoiada por mão de obra escrava. Como era preciso dar continuidade, os burgueses pressionaram a monarquia e lideraram a Revolução Industrial indo contra os interesses do Estado inglês fazendo com que todos os escravos  ficassem livres nas colônias britânicas. 

A transição da abolição da escravatura levou 4 anos até que todos os ex-escravos fossem livres e permanecessem com seu amo em troca de um soldo. Os proprietários de plantações no Caribe foram indenizados em cerca de 20 milhões de libras esterlinas. Isso era factível, já que o dinheiro gerado pelo Mercantilismo, além de dinheiros escusos levantados pela Coroa Inglesa fizeram acender a Revolução Industrial rapidamente pagando com indenizações os modelos antigos que utilizam mão de obra escrava. Isso corroborou porque a Inglaterra  também possuía grandes reservas de carvão mineral em seu subsolo, que era o combustível essencial de energia para movimentar as máquinas e locomotivas à vapor, além de grandes reservas de minério de ferro a principal matéria utilizada no início da Revolução Industrial sem depender de ajuda externa. A indústria favoreceu a burguesia, pois, a mão de obra abundante disponível procurando emprego fazendo com que gerasse o êxodo rural ao mesmo tempo que burguesia com capital suficiente podia bancar para financiar a construção de novas fábricas, comprar matéria-prima e máquinas e contratar mais empregados contribuíram para o pioneirismo inglês.

Outro protagonismo para abrir esse novo modelo econômico voltado ao capital só aconteceu com a Revolução Francesa,  a população insatisfeita com o absolutismo do rei Louis XVI personificava o Estado - "O Estado sou eu." - reunindo em sua pessoa os poderes, legislativo, executivo e judiciário, dos quais havia diferentes estados onde era representado pelo Alto Clero com funções religiosas e financiamento e recursos , a Aristocracia Francesa com funções militares ou jurídicas e o último pela Burguesia com o Baixo Clero que estavam banqueiros, comerciantes e empresários e os Sans-cullotes ("sem calções" - ou seja, sem fundos) que eram o povo em geral e os camponeses totalizando 97% da população francesa. 



OS ILUMINISTAS

A França já havia se envolvido em inúmeras guerras, enquanto o absolutismo francês tinha alto custo de vida que era financiada pelo Estado, com objetos luxuosos, comidas raras e nobres, e mimos para o alto escalão; além do próprio Estado que gastava bastante seu orçamento com burocracia que o mantinha em funcionamento.  Para piorar as baixas safras por conta do clima, provocou uma crise financeira na França derivado da dívida pública e falta de modernização econômica principalmente por baixos investimentos no setor industrial.

Os Illuministas membros do terceiro Estado foram os mais afetados pela  crise: burgueses, trabalhadores urbanos e camponeses uniram-se para exigir uma resposta do rei á crise, bem como reivindicar maior participação e representação dentro do Estado. O conflito aconteceu entre o Terceiro Estado o Alto Clero e Nobreza que apoiavam o rei provocando a indignação do povo, já que não havia oposição. Assim, a burguesia em uma Assembléia Nacional formulou uma nova constituição para a França, sem a resposta dos outros poderes eles fizeram um levante popular em Parir e a Revolução iniciou. Foi criada então a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, cortando privilégios a nobreza, isenção de impostos e fim do monopólio das terras cultiváveis pelo Estado. Em 1791 foi promulgada a Constituição Francesa e pressionando o monarca Louis XVI a aceitá-la.  O rei não estava disposto e articulou para que a Áustria invadisse a França que o fez, e após os manifestantes saberem das pretensões do rei invadiram o palácio real e decapitaram na guilhotina o Rei Louis XVI e sua esposa Marie Antoinette. Com o fim da monarquia houve um grande embate entre os jacobinos e gerundinos pelo poder, mas o radicalismo jacobino prevaleceu fazendo com que indiscriminadamente  opositores fossem parar na guilhotina, em meio a guerra da Áustria que agora temia que a Revolução espalhasse para seus territórios, obrigando a França a formar um exército nacional, já que na monarquia era formado por mercenários e aristocratas. 

A burguesia voltou a tomar o poder através da nova constituição, destacando um jovem general: Napoleão Bonaparte para dar ordem a situação política na França, no qual figurou mais tarde como um ditador para conter a conspiração do novo governo diretório. Assim a França demora a entrar na Revolução Industrial entrando permanentemente na II Revolução Industrial ainda com resquícios da monarquia, onde a produção era seletiva, focando mais no status de grife,  e uma produção ainda arraigada no estilo Conclá ou Recolier (Inglaterra) - No Brasil o estilo ficou conhecido como Rococó. 

A Declaração dos Direitos do Homem  e o pensamento Illuminista de mais igualdade, liberdade e fraternidade abriu precedentes para o abolicionismo justamente pela maior liberdade do homem como cidadão, sendo mais participativo e permitindo que o cidadão seja taxado pelo Estado para que ele mantenha a Lei e a Ordem, e não o cidadão é taxado pelo Estado para prover recursos para financiar seus interesses. Somente com uma nova mentalidade permitiu a burguesia inglesa vislumbrar um novo negócio sem exploração e sem intervenção do Estado.



O DESIGN NA ERA INDUSTRIAL

A Revolução Industrial criou um novo paradigma na manufatura de objetos. Tudo era feito antes artesanalmente com ferramentas rudimentares por artesãos que sabiam o processo do começo ao fim, já na era das máquinas o processo era acelerado produzido parte por máquinas e finalizado por trabalhadores, porém era preciso separar o produto da arte. Enquanto no modo artesanal a arte era impresso como forma de percepção estética no modo industrial  é inconcebível tentar replicar através das máquinas toda a habilidade artística e estética (com maquinário que existia na época), por isso, foi retirado qualquer impressão artística criando produtos rápidos fáceis e sem qualquer expressão. Os produtos modernos eram feitos com maquinários rudimentares, por isso a estética dos produtos eram "sem graça" visto pelo gosto estético vigente. Para conseguir grandes volumes os trabalhadores (proletariado) não tinham direitos além de receber um salário, ignorando os ideais iluministas de igualdade, liberdade e fraternidade. Com a prosperidade das cidades uma massa de camponeses saem do campo, provocando o êxodo rural atrás de melhores condições de vida. 

As cidades cresceram rapidamente de forma desordenada e como resposta a tantas pessoas procurando emprego surgem os guetos - subúrbios - de pessoas que não conseguem nada esperando uma oportunidade para conseguir trabalho nas indústrias. As industrias cresciam colossalmente, na mesma proporção que destruíam e poluíam. Isso gerou uma massa de gente falida, os mendigos que precisavam sustentar-se com ajuda dos outros. O crime nasceu na mesma proporção da falta de oportunidades. Sem renda, muitos assaltavam por necessidade, mas na era industrial, logo essa lógica inverteu-se, pois, a necessidade por ostentar era maior do que a sobrevivência, surgindo uma contra cultura. A contra-cultura inglesa começou a pichar como forma de revolta contra a repressão da polícia inglesa criando as tribos urbanas, mas foi após a II Guerra Mundial que ganhou mais agilidade com sprays na revolta estudantil de 1968 em Paris contra instituições universitárias exigindo por mais liberdade de expressão eclodindo no movimento Hippie.  

Já o capital, o mercado e a industria inovavam com tecnologias e novos processos. Trouxeram facilidades da vida moderna, tecnologias, e desenvolvimento de novos produtos. O maior avanço foi na manufatura (fabricação) foi o processos aplicado de Taylor objetivando o aumento da eficiência ao nível operacional, à Fayol com a divisão do trabalho, a hierarquia de trabalho, e as unidades de comando e Ford com o trabalho seriado. 

O fator principal dessa mudança está no objeto como mera necessidade como objeto de desejo. Antes o produto era feito para atender a necessidades e diferenciação social, agora os produtos são acessíveis a todas as classes, o que os diferenciava era a quantidade. Era mais rico quem tinha mais, essa lógica perdurou até a década de 1990 onde o consumismo exagerado ainda era presente, surgindo um novo estilo de consumidor: O consumidor consciente; fruto da educação que foi iniciada pela Revolução Industrial que precisava de mão de obra qualificada para saber lidar com as máquinas. Até hoje somo educados nos moldes industriais e somos educados para atender o mercado e as suas necessidades. No sistema de capital o ser não é livre plenamente, pois agora  ele é escravo do dinheiro e despertado pelo famigerado desejo de consumo fazendo a "engrenagem" do sistema gerar sem parar.

Nos tempos atuais o design tornou-se uma coqueluche, onde tudo virou "design". No início dos anos 2000 devido a estabilidade política e econômica do mundo, permitiu que o maior acesso a produtos e serviços dessem destaque ao design. O design agora era sexy (Tyler Brulé), tudo o que era bonito, belo era design, massificando o termo design como sinônimo de beleza estética. Tudo fruto da era industrial e da publicidade e do marketing que venderam nesse novo cenário industrial o Design como fruto do desejo "bonitinho".

"As pessoas nem sabem  e entendem ao certo que é design, mas elas consomem design como um enfeite que deixa os produtos mais belos e caros - o que não é verdade".
-Roger Mafra  - 










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