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HISTÓRIA DO DESIGN 4: O HOMEM E O CULTO AO OBJETO

A adoração ao objeto é tão natural ao homem quanto o ato de respirar. O objeto é fruto do homem e de sua realidade, toda a cultura de um povo provém da cultura material, sem ela não podemos contar parte da história, não se cria plenamente uma cultura e não traduz o modo de vida de muitas civilizações. Os museus só existem porque neles estão guardados vários tipos de objetos que contam nossas origens e remontam suas evoluções e tecnologias. Porque abominam o culto ao objeto?



O objeto sempre fez parte do mundo sensível humano, é nele que materializamos a realidade. Desde a pré-história foram os objetos que criaram e distinguiram povos e através dele remontamos a nossa própria história. Nos primórdios da civilização os artefatos já estavam presentes, e são ícones da necessidade e da imaginação humana. A aversão ao objeto, é um imperativo para a misantropia (aversão ao ser humano) porque o problema não é o objeto, mas as crença humanas, as vezes é dogmática  ou religiosa de que ter muitos objetos é sinal de riqueza e portanto é sinal de avareza ou soberba, como se isso realmente fosse uma profanação espiritual ou um exibicionismo material. Para outras culturas os objetos emanam energia e são  considerados como amuletos que trazem paz, alegria, prosperidade e riqueza, por exemplo. Tudo depende da perspectiva de quem vê. 

"O design compreende as relações humanas e não julga seus valores, apenas representa e demonstra seus caminhos."

Todos os povos anteriores ao povo grego já emanavam seus valores através de  seus objetos. Ora, os objetos representassem sua cultura,  foi somente na Grécia Antiga que surgiu  a ideia de como conhecemos hoje como a: "Valorização Cultural". Ostentando em todas as formas do seu modo de vida expressos através dos objetos e a cultura material. Tendo como o escritor grego Homero quem criou as obras épicas de A Ilíadas e  A Odisseia, são exemplos de como linguagem também de certa forma pode ser tangibilizada valorizando o idioma, assim como foram os grandes pensadores na Filosofia desde Tales a Platão valorizando o pensamento grego, tudo isso foi expressamente materializada para dar sentido as coisas como nas artes, pintura, escultura, música, teatro, literatura e arquitetura. Indo adiante abrangendo estudos na fisiologia (funcionamento dos seres vivos) até a medicina,  passando pela matemática, a geometria  (sagrada para Escola Pitagórica) e a Razão que abriu precedentes para a política, até chegar nos desportos (atividades física) e nas guerras (Olimpíadas). 


O OBJETO COMO DIFERENCIAÇÃO SOCIAL

Vimos que a os gregos antigos valorizavam muito a cultura e eram expresso por objetos através da arte e da arquitetura, porém a divisão de classes na Grécia Antiga não era por adornos,  tipo de tecido, corte ou forma da roupa a única distinção entre as classes sociais era o tipo de pigmentação do tecido, sendo que os mais raros tornavam-se mais nobres - isto é, visualmente todos eram iguais o que definia sua distinção era quase imperceptível, talvez uma tonalidade mais forte na pigmentação ou uma pequena nuance de cores - tudo isso leva a crer que os gregos não usavam a moda como forma de distinção de classes.

Já em Roma, a distinção era mais evidente. A indumentária romana veio de bases e raízes etruscas. Somente quem tinha cidadania romana tinha o direito de usar a toga. A toga era para classes superiores e os senadores usavam na cor branca. Existiam diferenciações de togas para cerimônias religiosas, além toga específica para eventos como a toga virilis quando um adolescente romano entrava na maior idade entre 15 a 17 anos. Tinham togas diferenciadas para lutos na cor cinza ou negra, e até candidatos a servidores públicos tinham uma toga específica. Eram roupas para eventos públicos (moda) já a roupa comum ere o pallium parecido com himation grego. A evidente distinção da toga  além de modelos e cores está na dificuldade para ser vestida e não permitia gestos muito livres, para dar um aspecto digno para quem trajava. O seu peso considerável a brancura requerida era necessário contínuas lavagens que gastavam rapidamente o traje obrigando o cidadão romano a comprar e troca-lá frequentemente.


DA RÉPLICA A PERPETUAÇÃO ROMANA

No Império Romano tudo é uma cópia grega, exceto as roupas. O grande legado dos objetos se desenvolveu pelos romanos pela arquitetura e engenharia. Os grandes feitos foram edificações colossais, com o domínio das cinzas vulcânicas (cimento) permitiu a engenharia criar estruturas em arcos e fez com que os romano criassem os arquedutos para transportar água até as cidades, além de outras inovações como pontes, rodovias pavimentadas, sifão para transpor água acima das montanhas, guindastes,  rodas da água para beneficiamento de grãos, e também para mineração, além da construção de centro de eventos como o Coliseum, além de outras inovações no campo militar como fortificações, trincheiras e sistemas de comunicação durante a batalha por flâmulas a criação das tropas de cavalaria organizada e infantaria divisionária além de armas como catapultas, besta, balaustras e outras inovações como o caráter tipográfico exclusivo romano que permitiu a reprodução em pedra de forma fácil e com acabamento inconfundível que são as serifas,  fazendo a água escoar sem que a pedra rachasse com o tempo já que acumulo de água na chuva nas ranhuras gravadas na pedra fazem facilmente os monólitos partirem.




Esses aparatos simbólicos a favor do Império Romano permitiu que Roma  consolidasse a sua comunicação (Design) expresso não só na tipografia como nos conjuntos arquitetônicos e urbanos além das artes e artefatos bélicos. Esse conjunto de estruturas e processos aliados permitiram propagar ideias e perpetuar não só a cultura como os objetos romanos para outras civilizações e moldaram o mundo até os tempos atuais.

Porém na Idade Média houve uma ruptura do passado clássico e a queda do império pagão, onde os cristãos foram precursores em utilizar uma nova tecnologia da época até então não familiar: Os livros. Não era tábua, não era papiro, não era rolo, era uma pilha de papeis costurados que davam um volume chamado de livro. Esse artefato permitiu criar uma escrita mais ágil (cursiva) e que encontrou adeptos propagando facilmente a mensagem cristã. A igreja deixou de ser primitiva e tornou-se tão poderosa que concentrou o poder a fim de que o imperador Constantino se curva-se aos preceitos cristãos e alia-se a política a religião. Esse poder ficou concentrado que povos bárbaros enfrentaram o poder romano forçando a mudar sua capital do império para Constantinopla, para não perder seu poder e sua influencia no velho mundo, de modo que o povo teve que lidar com a mudança de governo e muita burocracia enquanto cidades italianas eram vulneráveis aos bárbaros destruindo sua economia. Foi uma jogada estratégica para manter o império forte, ainda mais quando a influencia da Bíblia fez renascer uma nova tipografia tardia romana através da escrita uncial criando a diferenciação das letras entre minúsculas e maiúsculas. Mais tard,e  as prensas de Gutemberg fizeram propagar ainda mais a mensagem cristã por toda a Europa e levá-as a todas as partes do mundo. Vemos que o design brand (estratégico) que atualmente nos referenciamos está associado a era clássica Greco-Romana gerando todo o contexto, desenvolvimento e inovação no mundo ocidental, sendo base não só para ocidente, mas influenciando globalmente.

Por isso podemos perceber que toda abominação ao objeto vem de crenças que simbolizam o mundo material como lugar profano, e o mundo das  ideias o mundo ideal etéreo, espiritual,  mas as pessoas não percebem que um depende do outro para coexistir, uma vez que as ideias só podem ser expressadas pelo objeto e o objeto só existe pela concepção de um ideia. Nenhum sistema vive de forma independente.

" Objeto emana desejo, pois o desejo é expressão de uma ideia, de uma concepção."

- Roger Mafra -

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