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SÍMBOLO DA PROFISSÃO DE DESIGN: QUAL O SÍMBOLO DO CURSO DE DESENHO INDUSTRIAL?

O Design é a construção de uma ideia humana e sua percepção com o mundo. Embora a técnica existisse dentro de outras áreas à milênios, a profissão é um conceito moderno entre a técnica e a estética influenciada por movimentos artísticos dando origem a um novo conceito de percepção no desenvolvimento, projeção e produção com a função de valorização da arte e das habilidades humanas, relacionando as interações do ser humano objetivada pela criação projetada. O design é uma abstração de conceitos, formas, funções, sistemas, interações, percepções, sintetizadas singularmente em uma única ideação: A concepção como uma "Arte de projetar" ou a "Arte de perceber" as coisas.


Passado mais de um século desde que a função foi desenvolvida  modernamente para atender uma necessidade de produção, ainda nos questionamos, será que existe uma símbolo que identifique a profissão de Design? Porque o Design que é uma forma de  comunicação, de  ideia e interação e tangibilização não possui um sinal visual para representar sua função? Esta é uma investigação e contribuição de Roger Mafra, formando em Industrial Design pela PUCPR,  para desvendarmos qual o símbolo, imagem, logo, pictograma que representa o curso de Bacharel em Desenho Industrial, ou simplesmente conhecido como DESIGN.

COMPREENDENDO A ORIGEM DO DESIGN

Primordialmente devemos voltar ao tempo para entender como a profissão de  Design surgiu. A forma mais antiga que conhecemos da concepção da ideação de Design remonta ainda na Pré-História quando os primeiros hominídeos começaram a pensar em formas e tecnologias para melhorar suas ferramentas para aumentar suas habilidades com sucessivas tentativas e erros; e não era considerado ainda como atividade ou profissão, mas como um pensamento coletivo comum par transformar uma ideia em uma realidade prática para as atender as necessidades e as atividades humanas. O inicio como profissão remonta aos Sumérios, chamados de Tabannusi "construtor"  que eram os responsáveis por construir coisas para o Império Sumério e Acádio desde móveis, armas, joias á palácios difundiu-se a profissão até ao Egito até chegarmos a Grécia. 

Foram os gregos, utilizando a raiz protoindo-europeia (teksteça, tecer, fabricar, permitir, ingressar, declarar, demonstrar - derivados comuns que incluem tékstos: texto; komtékstos: contexto; pritékstos: pretexto O téks é como sufixo de: teia, enredo, urdidura de um tecido, viga de tecedor (no qual as tramas são amarradas); téksn: sufixo de tecedor, fabricante de vara para paredes de casa, construtor;
tekstor: construtor; tékstoncarpinteiro, construtor, derivando a palavra  arkhitékston: arquiteto - do grego: arkhein  "começo, regra" e téksn: arte, habilidade de; como em grego de teksnikós: técnico, tecnologia) remontaram o termo como adjetivo "tekton" indicando como "construtor" ou habilidade de construir, passando para o latim como architectus, ou a função de construir ou tramar, já que a raiz da palavra indica algo como tecer. 

Ainda não havia neste período profissões como: arquitetura, engenharia, design, escultor, carpinteiro, artista como ofícios distintos e definidos, era o tekton o responsável para executar o que precisava construir, ser tangibilizado, ou seja, transformar em uma ideia para o mundo real. O termo aparece nos escritos originais da Bíblia em Marcos e Mateus definindo a profissão de José e de Jesus como tekton, um profissional que na época que era um famoso faz-tudo de serviços gerais ligado a construção de coisas, desde a marcenaria, carpintaria, pedreiro, escultor, entalhador indo desde serviços pequenos até grandes projetos e construções como de pontes, templos, fortificações, palácios, efígies, moedas e afins. Ao longo dos séculos a atividade foi estratificada em várias outras para atender a finalidade específicas criando outras profissões os distinguindo primeiramente em ofícios como: os artistas, serralheiros, metalúrgicos, hialotecnistas , arquitetos, engenheiros à  chegar na profissão de designers.

Na era moderna com advento da Revolução Industrial promovido pela Inglaterra (para enfraquecer as fontes de renda do Império Espanhol e Português que dependiam da venda de especiarias e de atividades econômicas meramente extrativistas como ouro e prata mão de obra escravagista também para as lavouras) que iluministas severamente críticos as bases da Revolução Industrial questionaram o novo modelo econômico imputando a negação do caráter do valor  artístico na produção em massa. Através desses princípios estabelecidos por John Ruskin abriu espaço para fomentar o movimento Arts & Crafts encabeçado por William Morris, dando início ao pensamento do papel do Design.

Neste mesmo período que o termo Design tornou-se concebido e difundido, derivado do italiano "disegno" palavra latina "designare" que significa: destacar, marcar, sinalizar, determinar um plano (de: fora; signum: marcar, sinal, referindo a um "esboço, desenho, plano, projeto". A mesma palavra gerou o verbo designar, desígnio que significa: indicar (algo ou alguém) de maneira a distinguir dos demais; apontar, mostrar; representar, simbolizar, significar; ou  ainda: caracterizar, denominar, qualificar, indicar, escolher determinar, fixar e marcar. que na Inglaterra foi influenciado pelos ideais artísticos Renascentistas, mas foi pela Royal College of Art de Londres onde o progresso de produção industrial e a criação da 'School of Design'  uma das precursoras em usar o Design como pensamento de de arte de projetar, mas a palavra teve apenas difusão usual quando trabalhadores europeus ligados a indústria têxtil, passaram a intitular-se como: designers, ou seja, eram eles que planejavam e concebiam suas artes. A partir desse momento passa a ser compreendido o Design como profissão.

A Revolução do Design moderno surgiu apenas com um novo pensamento artístico criado pelo alemão Walter Gropius aliando novamente atividades como arquitetura, pintura e desenho industrial ganhou força como um movimento revolucionário em 1919, dando a estética do design moderno, imprimindo a arte simples e minimalista aliando o artesanal com produção em escala; seus ideias foram tão influentes e fortemente político contra o regime nazista, que passaram a ser perseguidos. Porém a 'Escola de Arquitetura e Design' a Staatliches Bauhaus perdurou até 1933 quando Adolf Hitler assume o I Reich e a fecha definitivamente. É considerada uma escola de vanguarda no modernismo, design e arquitetura sendo a primeira 'Escola do Design' no mundo. Neste processo que definitivamente o Design separa da Arquitetura. Como toda essa revolução acontecia em meio a uma Guerra Mundial foi logo incorporado seus ensinamento para a guerra aperfeiçoando o exército nazista nos uniformes, máquinas, armas, comunicação e invenções. Desde então o Design está em tudo que é empregado na manufatura, comunicação, estratégia , produto e serviços e a relação entre a interação humano e objeto, muitas vezes foi confundido erroneamente com a engenharia.

O que difere o Design da Engenharia  é o conceito baseado nesta relação com o ser humano, ou  seja, como o indivíduo relaciona, percebe, sente na interação como objeto (produto, serviço, forma, função, emoção, etc.)  onde o objetivo final está sempre focado e preocupado com a interação centrada no ser humano (usuário) e não apenas nos processos, sistemas e funções de um produto/serviço na melhoria, performance, desempenho proporcionando melhor eficiência e eficácia a função ou a técnica. Este é o ponto que difere ambos, a Engenharia preocupa-se com a razão, já o Design alia a razão além da percepção, emoção e cognição.

O Design no pós-guerra tornou-se os produtos sexys, com um apelo visual nunca antes visto, mudando para sempre as relações de consumo, função e usabilidade. Muitas vezes o termo Design é confundido meramente como estética e até certo ponto banalizado já que em muitos países a profissão se quer é reconhecida como uma atividade laboral. 

Atualmente o Design é dividido em várias vertentes para atender a distintas demandas como: 
Design Estratégico
Design de Comunicação
Design de Som, Design Visual
Design Gráfico
Design Editorial
Design Estratégico
Design Institucional
Design Digital
Design Hipermídia
Design Webdesign
Design Games
Design de Produto 
Industrial Design
Design Automotivo
Design de Embalagens
Design de Interface
Design Joias
Design de Estamparia
Design de Interiores 
Design Espacial
Design de Sinalização
Design de Móveis
Design de Ambientes
Design de Experiência do Usuário (UX)
Design de Informação
Design de Interação
Design de Serviços
Design de Moda 

entre novas modalidades que estão surgindo, exceto Design de Sobrancelhas que não é considerado Design.


O SIMBOLISMO DO DESIGN

O Design assume vários significados simbólicos que representam desde  a criação, estética, forma, função,  interação,  emoção e muitas outras variáveis que é difícil determinar uma profissão apenas como um ícone, como acontece com muitas profissões como a 'balança' que representa o curso de Direito ganhando o aspecto simbólico, representando o equilíbrio da Justiça e de equidade para todos, por exemplo.

Compreendemos que a profissão de Design ainda não assumiu um sinal visual que determine como uma marca para chamar de seu. Não encontramos na literatura qualquer menção por nenhum designer sobre qualquer esboço ou compreensão de um sinal qualquer que represente a profissão de Design. Buscando mais referências para um símbolo que identifique o Design, buscamos a referência do Designer Paul Rand que diz que: um 'símbolo tem que ter significado a partir da qualidade daquilo que simboliza, e não ao contrário' referenciando que só pode ser bom na qualidade daquilo que ela representa, ele quer dizer tem que ter cara do que é, do que faz, do que ele representa, não adianta aparecer uma coisa que você não é ou faz . Assim como Steve Jobs era obcecado por um símbolo forte poderoso e inconfundível deve incorporar fácil conexão usando a segunda regra de design de Rand: " O design deve ser distintivo memorável e claro". Em outras palavras não pode ser confundido com outra coisa similar num mesmo contexto, deve ser fácil de lembrar de memória e claro que nada mais é que fácil assimilação, reconhecimento.  Para fácil compreensão de um símbolo não basta mostrar: "Apresentação é chave", demonstrando que todo o conceito e simbolismo podem ser sintetizados criando significados singulares.

O símbolo para a profissão de Design cria uma inflexão visual de como transmitir uma ideia que implica em imagem, que represente, movimento, projeto, produto e  sensações? No mundo onde a imagem está em tudo como os emojis, que imprimem uma imagem para reforçar a voz tipográfica para transmitir nossas emoções, assim como a música que depende de uma escrita específica para designar tonalidade, volume, ritmo e pausas, o Design é preciso criar um símbolo que informe melhor a inflexão visual de sua profissão e para isso temos que partir para o campo mais especulativo e pragmático para desenvolver uma boa comunicação.


O POLVO

A partir dessas premissas investigamos possíveis símbolos utilizados para representar a profissão de Design. O primeiro deles é sem dúvida é uma peça publicitária feita por designers para designers. Essa ideia de usar um polvo como símbolo é uma das possíveis concorrentes.


O insight de usar o polvo como algo flexível, versátil, mutável pela Veer Design Studio tem grande possibilidade de representar o Design. A ideia é boa porque o polvo está mergulhado no seu mundo (oceano) e está preparado para qualquer desafio (camuflagem), pode enfrentar qualquer obstáculo (pode assumir qualquer forma) e ainda os tentáculos podem agarrar qualquer coisa (tem várias habilidades e ferramentas oportunas). Se realmente este não for um símbolo para representar o Design ele com certeza é um admirável mascote para os designers.


O NAUTILUS


Outro possível candidato, pode não ser unanime, mas também encontra-se nas profundezas: O Nautilus. Um molusco marinho caracterizado por uma grande concha brevilíneo com câmaras fragmacone que funciona uma espécie de bolsa de ar para dar sustentação e flutuabilidade. Até então nada demais exceto que é uma criatura muito lúdica, desconcertante e misteriosa que parece ter saído de algum Comics futurista, mas basta deparar com o animal bipartido é ainda mais surpreendente: Eis que surge a exuberante e complexa beleza da Natureza!



Esta forma além de belíssima está associada a Espiral de Ouro, a Razão de Ouro ou a Sequência de Fibonacci. Demonstra como a Natureza cria estruturas complexas com perfeição. Assim os designers são como uma espécie de  'semideuses' tentando imitar a perfeição do Criador do Universo. Esta figura emblemática pode parecer excepcional, porém é muito comum na Natureza: O Vórtex.



Um vórtex ou vórtice é uma ação giratória onde seu fluxo cria padrões circulares em espirais com movimentos ao redor de um centro de rotação, podem ser encontrados em fluídos como correntes circulares de água vinda das marés conflitantes, até de uma ilha no meio do oceanos, é o mesmo padrão encontrado em tornados e furacões, além de efeitos de turbulência como produzidos pelo efeito de bater das asas dos pássaros. muito estudado pela indústria aeronáutica para gerar aumento de arrasto para aeronaves. Pode ser encontrado desde conchas, como esta até em plantas e animais nas mais diversas situações. 

A grande questão levantada pelos críticos de plantão é que esquecem que a Natureza nem sempre segue regras. Muitos criticam que a concavidade do Nautilus não obedece sempre ao padrão do Raio de Ouro e portanto, consideram que não deveria ser um modelo a ser apreciado como modelo


Este é um belo símbolo que cria um impasse entre a perfeição e a imperfeição. Esta dicotomia da criação é que nem sempre uma obra pode atingir ao seu estágio máximo, porém é sempre o nível que qualquer um deseja chegar, é o propósito a ser almejado por qualquer designer. Como disse o mestre Ludowig Mies van der Rohe: "Deus está nos detalhes". O Design é a tentativa de ordenar e chegar ao mais próximo dos desígnios da Criação.


CADEIRA DE ENCOSTO ALTO, CASSINA 

A cadeira de encosto alto da Hill House para Cassina, por Charles Rennie Mackintosh em 1902, virou um símbolo vintage de Art Nouveau  que nem tinha pretensão de ser um objeto para sentar apenas uma obra de arte decorativa feita para editoramWW Blackie. Tournou-se  um ícone para o Design de Produto porque sua obra era baseada nos princípios do Arts and Crafts. O conceito era revolucionário e de vanguarda para época, porque durante a Revolução Industrial em sua vida em Glasgow na Escócia, foi um dos maiores centros de produção de engenharia pesada e construção naval do mundo, a medida que a cidade crescia prosperava a necessidade de rápida alta demanda por bens de consumo e artes. Os itens industrializados e produzidos em massa começaram a ganhar popularidade. 



A influencia do japonismo foi um estilo admirado por Mackintosh por conta de suas formas simples e materiais naturais, em vez da elaboração de artifícios, usando apenas a textura para criar luz e sombra ao invés de padrões e ornamentos ainda empregados nos moldes no movimento Arts and Crafts. Acabou tirando o estigma do princípio do 'velho padrão' no estilo ocidental, sendo a mobília vista como um ornamento que demonstrava a riqueza pela forma e não mais pelo valor da peça estabelecido com o tempo gasto na sua criação ou a nobreza de detalhes. Nas artes japonesas, o mobiliário e o Design centravam na qualidade do espaço que pretendia evocar sensação de calma e tranquilidade. Ao mesmo tempo surgia uma nova filosofia preocupada com a criação de Design funcional e prático criando os ideias modernistas. O movimento modernista tinha como conceito desenvolver ideias inovadoras empregando novas tecnologias.





Agora o Design preocupava com o presente e o futuro, não mais com valores de história e tradição. Embora Mackintosh tenha tornado e conhecido como o pioneiro do movimento, suas criações ainda estavam distantes do utilitarismo sombrio do modernismo, sua preocupação estava baseada em construir em torno da necessidade das pessoas reais, não especificadamente para massas, mas indivíduos que não precisam de coisas para viver, mas das emoções transmitidas por elas através da arte, criando seu próprio estilo singular. Precursor do movimento conhecido como: 'Os Quatro' chamado de estilo "Glasgow" influenciando o movimento vienense da Art Nouveau, também chamado de Sezessionstil ou a Secessão de Viena por volta de 1900, Charles Mackintosh trabalhou com design de interiores, móveis, têxteis e metalurgia. os designs de Mackintosh só ganharam popularidade nas décadas seguintes à sua morte. Mudando a relação de objeto como arte, a simplificação e produção rápida, mudança do valor estético-simbólico e criando um novo estilo único para os moldes da época.


A  Hill High Chair de Chales Rennie Macintosh foi por um tempo entre a década de 90 até meados de 2010 como símbolo de curso de Design em muitas Universidade no mundo. Provavelmente foi um dos primeiros símbolos que surgiram e acabaram caindo no esquecimento, ou com o turbilhão de informação e novas vertentes do Design outras áreas de atuação do Design acabaram que digamos 'incomodadas' por acharem que era um ícone que representasse apenas Design Industrial e não o Design Visual como era dividido os cursos neste período. Este emblemático objeto podemos dizer  que sim, ele pode ter sido o primeiro símbolo do curso e da profissão de Design.




A ESCADA ESPIRAL


A Escada Espiral ou conhecida como Escada Caracol não tem uma origem certa. Pode ser uma referência a Escada de Jacob referenciada na Bíblia (Gênisis 28,11-19) que caracteriza o meio usado por anjos para subir e descer dos céus. Essa visão de sonho de Jacob refere-se atingir a sublime perfeição, trazendo bênçãos e felicidade, consagrados pela gratidão do Criador. Esta escada marca o encontro análogo da iniciação nos tempos antigos. É uma forma de simbolizar o progresso moral e intelectual atingindo em cada degrau um nível de consciência modificando seu pensamento para atingir um estado mais elevado ou transcender os níveis atuais., isso quer dizer que o conhecimento e todas as coisas devem ser adquiridas de forma gradual no seu tempo. Cada degrau representa um objetivo que parece ser fácil, mas exige sacrifício, persistência e perseverança. Afinal chegar ao topo exige algum empenho e compensação para atingir; afinal pensar que ascender é muito fácil é uma característica humana e esquece que para estar no topo é preciso superar os obstáculos. Todo este simbolismo vem das tradições judaicas, também incorporados por templários e maçons. O número de degraus variam, embora seja comum o favoritismo que tenha recaído sobre o número sete, denotando um caráter místico divino da Kabbalah e aceito em muitas culturas em quase todos os lugares no mundo.

Já para os maçons a Escada Caracol é uma trajetória de companheirismo, como os degraus representam as dificuldade de subir, aprender e aperfeiçoar demonstrando que a evolução não se desenvolve de forma constante e retilínea tendo seus altos e baixos, a busca pela luz será a recompensa. 


Outra história incrível é que creditada ao tekton São José, o carpinteiro e pai terreno de Jesus. A história diz a lenda que uma freira precisava fazer uma escada para a igreja do convento, porém ela não sabia fazer e não podia pedir a ninguém para fazer já que ela ficou responsável para empreitada. Sem solução ela começou a rezar fervorosamente para o santo padroeiro dos carpinteiro, São José. Até que um dia surgiu a porta um homem oferecendo seus serviços de carpintaria, que sabia fazer escadas e impôs condições. Disse que ele compraria o material para fazer a escada e precisava trabalhar sozinho para conseguir fazer a escada toda no prazo mais curto possível e depois de pronto receberia o pagamento. Ela assustou-se com as condições, porém concordou. Ele trabalhou sozinho em silêncio por 61 dias e construiu essa belíssima escada em espiral, toda em madeira, sem nenhum suporte, apenas com encaixe. Quando concluiu e avisou que a escada estava pronta o homem simplesmente desapareceu, sem receber qualquer pagamento ou agradecimento. Todas as tentativas de encontrá-lo foram infrutíferas.

A capela foi projetada pelo arquiteto francês Antoine Mouly em estilo neogótico e tem semelhanças a capela de Sainte-Chapelle de Paris. O arquiteto morreu subitamente durante construção da capela e foi finalizada anos depois, quando a obra foi concluída perceberam que as medidas que construíram estavam erradas com o projeto original, assim as escadas não eram suficientes para chegar até o balcão do coro. Devido ao tamanho pequeno das escadas da capela, o tamanho padrão não se encaixavam na estrutura, porém muitos construtores viram que para conseguir fazer esse feito somente por um milagre, já que era inconcebível fazer uma escada caracol sem apoio central. Porém com altura tem 6 metros e com duas rotações completas sem apoio central, contendo exatos 33 degraus a escada foi feita.

Outra referencia que está associada a escada espiral representa é a enumeração das artes. O termo foi inventado para designar que a "sétima arte" era a invenção do cinema, estabelecido pelo italiano Ricciotto Canudo no Manifesto das Sete Artes em 1912 e publicado somente em 1923; porém é consensual e prontamente aceitas até a nona arte. No manifesto  considera as artes elencadas como manifestações que mudaram a História da Humanidade:

  1ª Arte - Música (som)
  2ª Arte - Dança e o Teatro - Artes Cênicas (movimento)
  3ª Arte - Pintura (cor)
  4ª Arte - Escultura (volume)
  5ª Arte - Arquitetura (espaço)
  6ª Arte - Literatura (palavra)
  7ª Arte - Cinema (audiovisual)
  8ª Arte - Fotografia (imagem)
  9ª Arte - História em Quadrinhos (imagem sequencial)
10ª Arte - Vídeo Game (realidade virtual)
11ª Arte - Arte Digital (espaço virtual)
12ª Arte - Design (concepção)




Não há consenso que o Design deve ser designado como um tipo de arte, embora tenha sido derivado da arquitetura. Se realmente for considerado como uma espécie de arte, seria a 12ª Arte sendo a última ou a mais importante arte surgida, até ser superada por uma nova tecnologia, manifestação ou instrumento no futuro. Simbolicamente o número 12 está associado a diversos âmbitos da humanidade desde os primórdios da civilização. O calendário Gregoriano é composto por 12 meses; Hércules teve 12 trabalhos; Jesus Cristo teve 12 Apóstolos; 12 eram as tribos de Israel; Jesus apareceu 12 vezes depois de crucificado; 12 portas tem a cidade de Jerusalém; 12 são as pedras no peitoral do sumo sacerdote; 12 profetas, menores no Antigo Testamento; 12 cavaleiros da Távola Redonda do mito de Arthur; a coroa do Rei da Inglaterra é incrustrada de 12 pedras simbolizando virtudes e funções do monarca; o dia é dividido em dois períodos de 12 horas, o dia e a noite; o calendário Babilônico era dividido em 12 meses lunares;  o calendário Chinês é lunisolar dividido o ano em 12 lunações. São 12 notas musicais: dó, dó#, ré, ré#, mi fá, fá#, sol, sol#, lá, lá#, si; 12 cores primárias, secundárias e complementares: amarelo, amarelo esverdeado, verde, azul esverdeado, azul, azul violeta, violeta, vermelho, violeta, vermelho, vermelho alaranjado, laranja, amarelo alaranjado. Também na astrologia são 12 signos do Zodíaco, e na Kabbalha há importância do número 12 com influência da sensibilidade e carrega a simbologia do mundo das ações (desenvolvimento e evolução) e do mundo da criação (saúde da alma e do corpo) e o mundo da formação (pensamento e mente) e o mundo da emanação (essência dos objetos e das coisas). No esoterismo do tarot o 12 simboliza o sacrifício e os 12 arcanos iniciais são chave para as outras cartas, além de muitas outras definições que cabem a importância do número 12 na civilização humana. 

Para outros consideram o Design como a 10ª Arte seguindo a cronologia das invenções artísticas. O 10 também é ligado simbolicamente a liderança, confiança, independência, iniciações e prosperidade, criação da própria realidade, crenças, insights e intuição. Outros fatos numerológicos interessantes. O 10 é o número do céu e da criação universal. No esoterismo como o tarot o 10 é a carta da Roda da Fortuna,  representa o sucesso e a vitória, esta relacionado o número do divino e do sagrado. Pitágoras criou o triângulo Tetraktys que é representado por 10 pontos chamado por ele de triângulo da perfeição. O 10 também representa um ciclo completo das coisas, o começo, seu fim e o recomeço. Na Bíblia encontramos várias referências que significa a integridade da ordem, responsabilidade e testemunho da lei: Deus criou o mundo com 10 pronunciamentos; os 10 mandamentos; as 10 pragas do Egito:  10 eram os irmãos de José;  10 gerações da humanidade viveram na terra antes de Deus destrui-la por um dilúvio e salvar os bons numa arca. 10 pães foram que o pai de Davi mandou ele levar para seus sete irmãos no acampamento debaixo de guerra e ameaça de Golias; o pai de Davi com discernimento espiritual desejando a vitória de Israel envia ao chefe de mil soldados, 10 queijos como parte de prova de vitória; Eram 10 concubinas de Davi; Foram 10 os milagres de Jesus descritos na Bíblia; São necessários 10 pessoas para recitar um minyan (prece judaica). O número 10 é um número positivo, que estimula a liberdade e novas oportunidades na vida; o 10 contém o dom da criatividade, da criação, reconhecimento e importância, fama e sucesso.




BAUHAUS

O símbolo mais emblemático criado por Oskar Schlemmer, foi adotado em 1921 pela Staatliches Bauhaus (Estado da Casa da Construção) comumente conhecido apenas como Bauhaus a escola de arte alemã operou de 1919 a 1933 combinando arquitetura, artesanato e artes plásticas. Ficou famosa pela sua abordagem ao design que tentava unificar princípios de produção em massa com a visão artística individual esforçando para combinar a estética com a função cotidiana. Notoriamente o estilo Bauhaus tornou-se a corrente mais influente no design moderno, arquitetura e artes modernistas, proporcionando uma grande influência no desenvolvimento a arte, arquitetura, design gráfico, design de interiores, design industrial e tipografia. A escola sobrevieu em três cidades alemãs: primeiro em Weimar de 1919 a 1925 depois mudou-se para Dessau de 1925 a 1932 e finalmente em Berlim de 1932 a 1933 sobre três diretores-arquitetos diferentes: Walter Gropius de 1919 até 1928, depois assumiu Hannes Meyer de 1928 a 1930 e por fim Ludwig Mies van der Rohe de 1930 a 1933 quando a escola foi fechada por sua própria liderança sob pressão do regime nazista, sendo considerada o centro intelectual do comunismo na Alemanha. Embora fechada a equipe continuou espalhar os conceitos idealistas difundindo no mundo inteiro.
Segundo críticos de arte o rosto desenhado como formas de arquitetura e arte referem-se a do próprio artista Oskar Schlemmer. A ideia era usar o seu rosto como a escultura de "O pensador" de Auguste Rodin. Imprimindo arte, arquitetura e pensamento crítico. Sem dúvida foi um belo insight para representar um novo modelo de vanguarda: O Design.


Até hoje é um símbolo que exprime a vanguarda de pensamento e de introdução a novas tecnologias, a subversão do modelo clássico de arte e do status quo de produção, criando o 'Estado da Arte' moderno.




CAMALEÃO

Outro exemplo muito usado como símbolo é o réptil da família dos lagartos o Camaleão. O nome é derivado das palavras gregas chamai e leon que significa "Leão da Terra". Este animal é encontrado na África, Península Ibérica e Oriente Médio e no Sul da Índia. A principal característica que os distingue dos outros lagartos é a capacidade de trocar de cor para camuflar-se e adaptar-se ao ambiente, além de uma língua rápida e alongada muito flexível e seus olhos podem mover-se independente observando o ambiente em 360 graus e uma cauda preênsil, ou seja, pode servir para agarrar qualquer coisa, muito característico, por manter-se enrolada enquanto está em repouso, formando uma espiral áurea.
Dos animais escolhidos como símbolo é sem dúvida o animal mais próximo da essência do que é o Design. A capacidade de adaptar-se a qualquer situação e mudar de cor para interagir com ambiente é a forma de entender as características do espaço e ambiente que está inserido. O designer muitas vezes tem que aliar-se a diferentes ambientes, muitas vezes mantendo-se neutro para conseguir dissuadir e estreitar pontos de vistas diferentes para chegar a um consenso em comum. A língua rápida é a forma que o Design comunica, rápida, ágil, certeira, atingindo para qualquer direção de forma eficiente, para isso o designer precisa ter uma visão holística e mover-se como os olhos do Camaleão, observando todas as possibilidade e cenários para dirimir e projetar um alvo certame desejado. E a cauda preênsil são como as ferramentas que o Design oferece para agarrar e projetar de forma controlada  atribuindo valor artístico, manufatura e artesanal atingindo a excelência, extraindo e transformando o ordinário em extraordinário. 


O símbolo é tão forte que já foi até usado por uma marca de software vetorial por algum tempo, não caiu no gosto do público porque as pessoas já estavam habituadas  a referenciar visualmente o software com o símbolo antigo original, que é um balão de ar quente. Voltando ao Camaleão, o símbolo está muito próximo e conversa bem com o Galo, símbolo da profissão da Publicidade e Propaganda que é uma das vertentes do Design, embora o Design tenha derivado da Arquitetura que na verdade emprestou o seu significado dos Mestres Maçons adotando o esquadro e compasso como símbolo da profissão de arquiteto. Assim como o marketing, que usa um alvo e dardo para representar assertividade (target), se o símbolo fosse um animal seria a mosca, porque afinal quem não quer acertar na mosca?




SÍMBOLOS  ENGRAÇADINHOS

Existem símbolos que algumas empresas usam para representar o Design de forma comercial sem referencia alguma com estes elementos confeccionados meramente para obter fins lucrativos e econômicos. 

Aparece de tudo para representar a profissão ou curso de Design, desde o clássico compasso e esquadro da Arquitetura para representar o Design, embora não esteja errado, também não é nada adequado representar uma profissão com o símbolo de outra criando confusão e dubialidade, até porque são profissões distintas e com finalidades diferentes; outros usam até tesoura (nem merece comentário), at[e o godê, sim, a paleta de pintura usada por artistas para referenciar o Design como um artista. Está certo que o Design utiliza da arte para viver, mas o Design não vive da arte, até porque o que diferencia uma da outra é que:

"A Arte não tem pretensão de agradar o público, apenas representar e expressar uma ideia ou provocação sem o compromisso de ter sucesso; enquanto o Design tem que expressar o valor artístico e estético com a finalidade de agradar e o compromisso de ser um sucesso vendável."
- Roger Mafra -

Ainda aparecem o computador como símbolo, que a princípio parece péssimo, porque está atrelado a um objeto que no futuro pode não ser reconhecível e nem existir tornando o símbolo obsoleto, por isso, muitas profissões recorrem a objetos e animais que são símbolos reconhecíveis e consolidados há séculos para não caírem no ostracismo. Até foi encontrado uma engrenagem como símbolo de Design, definitivamente está por fora já que intrinsicamente está atrelado a Engenharia, e alguns vem uma proximidade de uma área com a outra, mas não é bem assim. O Design está focado na interação dos Fatores Humanos (homem x máquina) enquanto a Engenharia está focada na cibernética (comportamento de processos, sistemas, operações, com seres vivos x máquinas). Isso quer dizer enquanto o Design está focado como o ser humano interage com as coisas, o outro, a Engenharia, está focada como as coisas funcionam para beneficiar o ser humano. Por fim, existem outros que nem valem a pena mencionar, pois fogem da realidade e compreensão do senso comum de qualquer natureza.




AFINAL QUAL O SÍMBOLO DO DESIGN?

Vimos que o Design tem vários símbolos embora ainda muito incipientes. Alguns símbolos são apropriações de movimentos artísticos, enquanto outros símbolos são meramente conceitos baseados na natureza, além de construções humanas. Todos eles são bons exemplos que o Design é diverso e pode ser representado de várias maneiras, porém, não surgiu um símbolo, uma marca universal. Não encontramos na literatura ou meios de informação qualquer sugestão ou conceito proposto para um símbolo para o curso ou profissão de Design. O estudante de desenho industrial Roger Mafra, criou uma art concept vislumbrando um símbolo.

Após fazer uma vasta pesquisa, surgiu um briefing com os principais pontos para  criar uma nova proposta de representar a profissão do Design. buscando criar um símbolo responsivo, dinâmico e versátil. A seguir segue a proposta conceito intitulada: PIONEER & VOYAGER

O conceito é baseado nos programas espaciais Pioneer e Voyager que são as sondas espaciais que estão vagando pelos confins do universo. A ideia de usar o universo como elemento central para representar o início da criação até a sua infinitude. 'O Design é um universo infinito de possibilidades' - Roger Mafra.

Usando como referência visual a placa da sonda espacial Pionner 10 criada por Carl Sagan com imagens pictóricas que eventualmente possa sem interceptada e reconhecida por vida extraterrestre, tentando usar uma linguagem matemática e artística minimalista. Claramente as referências da placa seguem alguns conceitos modernos da Bauhaus e alguns princípios do Design de Dieter Rams.


A proposta baseada na linguagem matemática referenciando o Design pertencente a área das ciências exatas como Arquitetura, mas está  muito interligada as áreas das ciências humanas criando uma sinergia dos dois campos do conhecimento. Neste conceito o Design é visto como uma linguagem universal como a matemática, reconhecida até por seres além da nossa compreensão. A essência é desmistificar o Design, como projeto para as pessoas comuns entendam que o Design também é uma ciência que vai além do senso comum, que o Design é uma mera vertente artística e estética. A fórmula representa que tudo que existe no universo pode gerar uma nova possibilidade, mas para isso, é preciso pesquisar e descobrir, explorando novas possibilidades gerando muito raciocínio e introspecção para resolver problemas gerando o tal do "bom" Design. O Design é a experiência de ser pioneiro nas abordagens e as experimentações no processo viajando em muitas propostas, conceitos e protótipos designando a tríade da criação: observação de como funciona e como podemos fazer diferente, é a capacidade de imaginar novas soluções que geram a criatividade, criando novas maneiras para gerar inovação. Assim o Design é uma abordagem de projetar que vai mais fundo, vai além; gerando novos horizontes neste infinito universo de forma determinada.





Referências:

Uma introdução a historia do Design. São Paulo: Ed. Edgard Blücher, 2.Ed., 2004.
Heskett, Jonh. Desenho Industrial. Rio de Janeiro. 2. Ed. Tradução Fábio Fernandes. São Paulo: José Olympio, 1998.
Pevsner, Nikolaus. Os pioneiros do desenho moderno de William Morris a Walter Gropius. Tradução João Paulo Monteiro, São Paulo: Martins. Fontes. 3. Ed., 2002.
Ruskin, John. A economia política da arte. Tradução Rafael Cardoso. Rio de Janeiro: Record, 2004.
https://en.wikipedia.org/wiki/Bauhaus
http://www.estrela.rudah.com.br/modules/news/print.php?storyid=15
https://www.ifd.com.br/design/3-licoes-que-steve-jobs-aprendeu-sobre-promover-uma-marca/
https://www.thoughtco.com/chairs-by-famous-architects-177773
https://www.mundogump.com.br/incrivel-escada-de-sao-jose/
https://designawards.core77.com/speculative-design/94899/Speculative-Characters-for-Visual-Inflection

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